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Sunday, September 4, 2016

How many mockinbirds are killed today, every day?





Why am I thinking of Atticus and his children this end of summer? Empathy was the reason, the capacity of standing in other's shoes. People still tend to experience difficulties to deal with the different. 

To Kill a Mockinbird is a beautiful film, a poem in motion. The theme, the characters, the scenes, the human values lost in time... 
How many mockinbirds are killed today, every day? Why don't we see more Atticus in leadership roles? Instead, we see anger, prejudice, arrogance.
Think about it.






Wednesday, December 30, 2009

Wild River, when a peaceful nature meets a wild one


Is there anyone who would like to translate me to english?, to an american movie style english? I'm waiting here... I made a list of friends, but I hadn't the nerve to call them. Is this something we can ask a friend?
Wild River is here, but in portuguese:

A força da natureza. A lógica do progresso. Uma ilha incómoda. E a descoberta do desejo, também ele indomável. Um encontro que se revela criativo.
Wild River.Desde que o vi pela primeira vez que Wild River me tocou de uma forma estranha. Como capta a força indomável da natureza, a cor outonal, os sons... E as personagens, os diálogos contidos, os gestos expressivos... Há qualquer coisa de muito terreno, selvagem e poético neste filme! A terra e a alma estão ligadas, na avó da jovem mulher. A própria mulher é um pouco bravia, como aquele lugar. Eu sei que somos muito diferentes, dirá ela ao homem da barragem, que vem para resolver a resistência à abertura da comporta. Talvez... mas a sua paz (a dele) é mais aparente do que real. E às vezes só se encontra a tranquilidade aceitando e vivendo as tempestades interiores (neste caso, são mais chuvadas, está-se em Outubro).
Bem, nesta altura já deu para perceber que o filme me tocou mais do que a maioria dos filmes... Talvez porque o meu lugar é, também ele, assim bravio: montanhas isoladas, de pinheiros bravos e ribeiras tumultuosas... Sim, e perto, uma barragem também, também assim azul...
Voltando ao Wild River: A avó de uma jovem mulher, viúva com dois filhos, recusa-se a sair da ilha onde sempre viveu. Permanecerá ali, teimosamente, até a obrigarem a sair. Vemos, no seu último olhar desesperado para a árvore que cai, que alguma coisa dentro de si também começou a cair... E mesmo que a nova casa também tenha um alpendre, como o homem da barragem quis que fosse respeitado, para lhe agradar... não durará muito, adormecerá na cadeira, nesse alpendre, de desgosto. O empregado fiel aguardará ali perto, talvez porque pressinta o fim. Um pormenor em que só desta vez reparei.
Há momentos verdadeiramente mágicos. Como eram contidos e, ao mesmo tempo, tão intensos, os filmes desta época! E como se conseguiam exprimir emoções e sentimentos de forma tão minimalista. Elia Kazan é exímio nessa atmosfera carregada de desejo. Tudo no ritmo certo, nos gestos, na coreografia. A agitação é interior, está quase a explodir, já a sentimos no ar. Depois desse encontro, ela volta na barcaça. Despedem-se de longe. Vemos no seu sorriso que tudo está diferente. Eles mudaram. E será assim a partir daí. Até ele descobrir que não é assim tão auto-suficiente... que (também ele) precisa dela. Não é fácil amar-te, dir-lhe-á ela. Mas eu amo-te... eu amo-te... Está à sua frente, tão franca e vulnerável, tão altiva e comovente. Sim, orgulhosa de amá-lo, mesmo podendo perdê-lo. Sei que em breve te vais embora, tinha-lhe dito. Leva-me contigo.
Sim, há qualquer coisa de bravio neste filme. E de poético também. Talvez seja essa a força da natureza, a que o homem pacífico não irá poder resistir. Não apenas se apaixona pela jovem mulher, como aceitará o seu desafio e da forma mais inesperada possível. Talvez por ver como ela o defendeu, como uma gata selvagem, naquela luta em que mais uma vez perde. Gostava, por uma vez que fosse, de ganhar uma luta... Ela diz-lhe que isso não é importante. Ali estão, no meio da lama onde tinham caído, lado a lado. E então o homem pergunta-lhe se quer casar com ele... que provavelmente ele se irá arrepender e que certamente ela se arrependerá... Mais inesperado do que isto, é impossível.
Sim, o homem ganha uma família instantânea, como já lhe tinha dito, de forma sarcástica, um dos manda-chuvas do sítio. O mesmo que lhe batera forte e feio. Estes indivíduos exemplificam, na perfeição, a rudeza e a rigidez de alguns lugares provincianos. Também é aqui visível o racismo, em que não há igualdade de tratamento nem de salários. Esse é, aliás, um dos pontos de fricção cultural: o homem da barragem insiste em furar aquelas normas absurdas e paga exactamente o mesmo a todos os que contrata. Aqui também podemos medir a sua coragem na medida inversa à sua habilidade e força física. Torna-se especialista em levar pancada. Sim, podemos medir aqui a sua coragem na forma como se sujeita à violência física, não abdicando dos seus princípios.
Em Wild River a natureza está sempre presente. De certo modo, a natureza acompanha as emoções das personagens, as suas tempestades interiores. A fotografia e o som, sempre a lembrar-nos que tudo isso também está a acontecer dentro de nós, uma chuvada, um rio que se atravessa, uma ilha que se abandona, uma árvore a tombar…
O ritmo também acompanha as emoções de muito perto. E mesmo que algumas cenas nos pareçam suspensas no tempo, em que só se sente a respiração das personagens, diríamos que numa linguagem e num tempo mais próprios do teatro (e isso é muito Elia Kazan), ainda assim estamos na linguagem do cinema, no tempo do cinema, quando se cruza com o teatro de forma perfeita.
As personagens e os actores, os actores e as personagens, confundem-se aqui. Lee Remick é a viúva um pouco bravia. Montgomery Clift é o homem pacífico. Jo van Fleet é a mulher da ilha, de um território, raiz de uma árvore ancestral que o progresso arranca sem-cerimónia nenhuma.
A natureza e o progresso, a natureza e o homem, num equilíbrio instável. Em Wild River até a barragem parece ligar-se de forma poética às montanhas que a envolvem. Mas será possível dominar um Wild River?